Uma tendência clara nos hábitos de consumo, que vem preocupando grande parcela da população, são as lojas de departamentos. Um modelo cuja premissa básica é a vasta gama de produtos oferecidos, sem uma linha específica de produtos predominante. No Brasil há grandes redes instaladas, a nacional Pão de Açúcar (operando sob as bandeiras Extra, Compre Bem e Sendas), a francesa Carrefour (Planaltão, Roncetti, Mineirão, Rainha, Dallas e Continente), e a norte-americana Wal-Mart (Wal-Mart Supercenter, SAM'S CLUB, Todo Dia, Bompreço, Hiper Bompreço, Nacional, Mercadorama, Hipermercado Big, Maxxi Atacado). Essas grandes redes ainda crescem regularmente no mercado tupiniquim, mas além de nossas fronteiras o mercado está as impondo uma série de restrições.
No Brasil o movimento ainda ganha força, mas em mercados mais sofisticados vem enfrentando grande resistência, principalmente nos Estados Unidos. Alguns setores sociais veem se manifestando, grupos de defesa dos direitos das mulheres, grupo de defesa dos direitos trabalhistas, que alegam que ser um dos motivos das redes oferecem preços tão baixos a usurpação desses direitos. No Japão, um país considerado tradicionalista pelos moldes ocidentais, também possui lojas de departamentos. O sucesso é estrondoso, grandes lojas, de apenas um andar, com grandes estacionamentos, um apelo de marketing bem forte para um país onde a densidade demográfica é uma das maiores do mundo.
No Brasil, praticamente, em cada cidade com mais de 150 mil habitantes existe uma loja de departamento, nessas pequenas cidades há uma transformação gigantesca na estrutura. O comércio dessas cidades é fortemente abalado, não há como competir com os preços e comodidades oferecidas e muitas portas acabam fechando. Mercados menores também são alvos de pelo menos uma dessas redes, o grupo Carrefour, que comprou algumas redes de supermercados, da rede Champion para Carrefour Bairro. São lojas reduzidas dos hipermercados Carrefour. É uma nova estratégia de crescer no Brasil.
Além de externalidades tão grandes, há também problemas interno, existe a limitação imposta a marcas dentro da própria loja. As redes começaram uma corrida por segmentos dentro de seus próprios ambientes. Como elas são a ponta da rede de produção, o local de compra do produto do consumidor, limitam o espaço de outras marcas, bem como sabão em pó, biscoitos, papelaria, brinquedos, etc., deixando grande visibilidade a seus produtos, influenciando assim alguns consumidores indecisos. Outros consumidores também são afetados pelos preços abaixo da média oferecidos por seus produtos, que, são próprias que redes controlam, em alguns casos subindo o preço dos concorrentes, sempre analisando qual fator for mais lucrativo.
Apesar de parecerem as grandes gigantes do novo milênio, elas enfrentam um "inimigo" comum e, de proporções globais, a internet. Principalmente nos EUA, que oferecem periodicamente produtos típicos de supermercados pela internet, basta escolher o produto e a periodicidade que ele vem até sua casa. Ou então, pela própria geladeira, sentiu que o leite está acabando? Peça pela própria geladeira. No Brasil não estamos longe disso, posso dizer que estamos muito perto se consideramos todo o período geológico da Terra. Mas grande parte dessas lojas pode ser adaptada a essa nova realidade, pois afinal, não existe internet sem espaço físico, sempre haverá um local para pelo menos estocar os produtos. Sem futurologia barata, mas eu vou morrer vendo meus netos comprando em lojas de departamento.
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